DIFERENÇAS ENTRE SOCIOLINGUÍSTICA INTERACIONAL E VARIACIONISTA

26/08/2011 13:34

Pode-se dizer que a Linguística constitui-se de diversas ramificações. Uma delas é a Sociolinguística, cujas primeiras pesquisas ocorreram entre as décadas de cinquenta e sessenta. Seu objeto de estudo é a fala correlacionada à sociedade. Ou seja, a influência dos aspectos sociais nos diferentes modos de o indivíduo expressar sua fala.  

A Sociolinguística, por sua vez, divide-se em Sociolinguística Interacional e Sociolinguística Variacionista. O estudo daquela concentra-se nas investigações sobre a linguagem na comunicação entre as pessoas e o contexto ao qual essa comunicação se desenvolve. Com isso, observa-se como o indivíduo reage às situações de interação face a face dentro de certo ambiente social.

Nesse campo de atuação, destaca-se o estudo do escritor e sociólogo canadense Erving Goffman, que introduziu o conceito de footing para explicar as interações entre falante, ouvinte e contexto. Footing “representa o alinhamento, a postura, a posição, a projeção do “eu” de um participante na sua relação com o outro, consigo próprio e com o discurso em construção.” (GOFFMAN, 1998 In: RIBEIRO, Branca Telles & GARCEZ, PEDRO M.)

Ou seja, tal conceito tenta explicar os motivos que levam um falante a representar determinados  papéis - a escolha de posturas coporais,  gestos,  palavras, frases, estruturas - para  se expressar de acordo  com o contexto no momento da fala. Contudo, lenvando em consideração as condições e predisposições do ouvinte para assimilar aquilo que está sendo falado. Por exemplo, um advogado fala e se comporta de certa forma em uma audiência judicial, perante o juiz, e de outra no happy hour com os  amigos depois do trabalho. Da mesma forma, seus ouvintes poderão assumir outros papéis ou até trocá-los  com o falante.

Já para a Sociolinguística Variacionista a principal preocupação é com a variação linguística, que ocorre segundo o meio social o qual o indíduo está inserido. Um dos primeiros estudiosos a desenvolver um trabalho dentro dessa linha de pesquisa foi o americano William Labov. Ele “apresentou uma metodologia, tendo como objeto de estudo a fala, observando seu contexto e indicando ser possível sistematizar o aparente caos lingüístico” (SALGADO, Solyany Soares, 2009, p. 96). Então, surge a Teoria da Variação Linguística cuja principal constatação é que a língua não é homogênia. Assim, existem diversas variedades em um mesmo idioma.

Compreende-se como variedade o uso da língua delimitado pelos grupos sociais. Portanto, dentro de uma mesma língua existem diferentes formas de realização da mesma, de acordo com os falantes e seus grupos sociais. Por exemplo, temos a variante padrão, prestigiada e utilizada pelas classes sociais mais abastadas. Em contrapartida, há a variedade dos estratos menos favorecidos financeiramente, de fala menos preocupada com as regras gramaticais normativas.

 

Aline Perenciolo do Nascimento